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FI
n.º 52
A maioria dos portugueses não desistiu do projeto de parentalidade
Se 8% de residentes no período fértil em Portugal não tem nem pretende
vir a ter filhos, a maioria assume a expectativa de ter pelo menos um filho.
Aliás, o filho único constitui um traço característico da fecundidade em Portugal,
pois a larga maioria dos homens e mulheres do país, com menos de 30 anos,
defende a ideia de que “ter apenas um filho é preferível a ter mais filhos, para
que aquele possa ter mais oportunidades”.
As gerações mais novas esperam vir a ter filhos, mas mais tardiamente
A maioria das pessoas que não tiveram filhos – que são as mais jovens (menos de
30 anos) – admite poder vir a ter o primeiro filho em idades mais tardias em
comparação com as pessoas que já tiveram filhos. Para estas, a idade média com
que tiveram o 1.º filho foi de 26 anos (mulheres) e de 28 anos (homens). Para quem
espera vir a ter pelo menos um filho, a idade máxima prevista para esse efeito é
de 31 anos (mulheres) e de 33 anos (homens).
Uma elevada qualificação escolar não diminui o desejo de ter filhos, mas faz adiar o projeto
As pessoas menos escolarizadas têm mais filhos. Em contrapartida, são as mulheres
e os homens mais qualificados – com ensino superior – que, em média, desejam ter
mais filhos. As pessoas com menos escolaridade também têm menos intenções de vir
a ser pais no futuro. A maior escolaridade não implica, pois, um menor desejo de
maternidade/paternidade, mas influi no adiamento do projeto de parentalidade. Aliás,
para quem concluiu o ensino superior, a idade máxima admitida para ter o primeiro
filho atinge os 33 anos no caso das mulheres e os 35 anos no caso dos homens.
Mais filhos nas zonas rurais, mas maior desejo de os vir a ter nas áreas urbanas
As pessoas que vivem em áreas menos povoadas têm, em média, mais filhos do que
aquelas que vivem em áreas mais povoadas. Contudo, são as áreas mais densamente
povoadas e urbanizadas que detêm os níveis mais elevados de fecundidade desejada.
Relações conjugais estáveis podem favorecer a fecundidade
Ter uma relação conjugal estável, independentemente do laço jurídico, parece ser
determinante no que respeita aos filhos que se tem, se espera e se deseja ter.
As pessoas que não vivem com o cônjuge ou companheiro são aquelas que não só
têm menos filhos, como apresentam níveis mais baixos de fecundidade final
esperada ou desejada.
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(cont.)