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FI
n.º 52
FI:
Lê-se no Destaque que “a conjugação de diferentes hipóteses relativas à
evolução futura de cada componente demográfica conduziu à definição de quatro
cenários de projeção da população:
cenário baixo
– conjuga as hipóteses pessimista
para a fecundidade, central para a mortalidade e pessimista para as migrações;
cenário central
– associa as hipóteses de evolução central para a fecundidade e para a mortalidade e a otimista
para as migrações;
cenário alto
– combina as hipóteses de evolução otimista para a fecundidade,
mortalidade e migrações;
cenário sem migrações
– cenário idêntico ao cenário central, mas que
contempla a possibilidade de não ocorrência de migrações”. Não obstante, o mesmo Destaque
confirma que, em qualquer daqueles cenários, “a população residente em Portugal tenderá a
diminuir até 2060”. De que forma poderia ser invertido este quadro de progressiva sangria
demográfica?
MFM:
O facto de se concluir que, em qualquer cenário, a
população residente tende a diminuir até 2060, mostra que
o que se verificou no passado, em particular nas últimas décadas,
condicionou irreparavelmente o futuro. O declínio da mortalidade,
conjugado com um igualmente forte e continuado declínio da
fecundidade, transformaram Portugal num dos países mais
envelhecidos do mundo, em termos da proporção de
população residente com 65 e mais anos no total da população.
“O declínio da
mortalidade, conjugado
com um igualmente
forte e continuado
declínio da fecundidade,
transformaram Portugal
num dos países mais
envelhecidos do mundo”
A manutenção de um Índice Sintético de Fecundidade abaixo de 2.1 (limiar mínimo de substituição
das gerações) desde o início da década de 80 do século passado conduziu a que cada geração
que nascia ia tendo uma dimensão inferior à anterior, o que, por sua vez, impossibilita um
aumento significativo no número de nascimentos mesmo que se venha a verificar uma inversão
do Índice Sintético de Fecundidade.
A recente alteração no saldo migratório, originado por uma súbita e elevadíssima emigração
acompanhada pela redução do volume da imigração, agudiza a situação demográfica e põe ainda
mais em causa uma possível inversão do quadro de progressiva "sangria" demográfica.
No contexto actual, somente uma nova alteração de sentido do saldo migratório, com um forte
contingente imigratório, acrescido de retorno dos emigrantes que recentemente deixaram o País,
estancando em simultâneo as saídas dos jovens, poderia vir a atenuar a nossa situação demográ-
fica, mas nunca a invertê-la.
FI:
O envelhecimento populacional, que se
mantém ao longo de todo o período de
projeção, resulta da combinação do decréscimo
da população jovem com o aumento da
população idosa. Também a população em
idade ativa diminui em todos os cenários
considerados. A seu ver, que consequências
poderão advir das expectáveis alterações da
estrutura etária da população? Essas alterações
serão comuns à maioria dos estados membros
da velha europa?