RIIBES - Folha Informativa n.º 52 - page 8

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FI
n.º 52
Os impactos ao nível da sustentabilidade do sistema de segurança social, tal como a pressão
exercida sobre o sistema de saúde, têm marcado a agenda actual, mas os efeitos sobre o sistema
de ensino, a produtividade e a inovação, e a alteração dos perfis de consumo, de investimento e
de poupança não têm sido foco de tanta atenção. Todos estes aspectos, pela sua relevância,
merecem ser considerados de imediato.
FI:
A necessidade de sensibilizar a população para o forte aumento dos idosos em Portugal no
sentido de lhes serem proporcionados os cuidados necessários a uma boa qualidade de vida
constituiu talvez o principal objetivo do Congresso Nacional do Idoso, realizado no passado mês
de junho, e cuja Comissão Organizadora a Prof.ª Filomena Mendes integrou. A seu ver, os resulta-
dos das “Projeções de população residente 2012-2060” vêm adensar a necessidade de mobilizar
os diferentes atores sociais e a população em geral para a problemática dos idosos em Portugal?
“O envelhecimento
demográfico é, sem
dúvida, uma história
de sucesso, porque
mais pessoas vivem
vidas mais longas,
mais saudáveis e, por
essas razões, mais felizes.
O desafio da sociedade
no séc. XXI é o de saber
(co) responder a essa
realidade”
MFM:
Os resultados deste exercício de projeção são fundamentais
não apenas para consciencializar a população em geral mas,
particularmente, o Governo para os desafios que Portugal enfrenta
em virtude do aumento na dimensão envelhecimento demográfico,
número de idosos, velocidade de crescimento da sua proporção e
aceleração da variação da proporção dos mais idosos (com mais
de 80 anos).
Se se mantivesse uma taxa de crescimento anual médio da
população residente em Portugal idêntica à que se verificou na
última década (2001-2011), a população total duplicaria no ano
2363, o número de residentes com 65 e mais anos, duplicaria
em 2050 e, com 85 e mais anos, em 2026. As projeções realizadas
no horizonte do ano 2060 mostram ainda a evolução diferencial
entre homens e mulheres, ao longo das idades mais avançadas.
O envelhecimento demográfico é, sem dúvida, uma história de sucesso, porque mais pessoas
vivem vidas mais longas, mais saudáveis e, por essas razões, mais felizes. O desafio da sociedade
no séc. XXI é o de saber (co)responder a essa realidade.
MFM:
Neste aspecto, Portugal não é diferente
da Europa. As consequências em termos
demográficos estão bem visíveis nos resultados
obtidos para todos os cenários: população em
declínio, progressivo e acelerado envelhecimento
populacional, diminuição e envelhecimento da
população em idade activa.
“Há uma cultura de descarte. Descartam-se as crianças,
com as baixas dos índices de natalidade. Basta olhar
para a taxa de natalidade que existe na Europa.
Nenhum povo sobrevive com essas taxas de natalidade.
Descartam-se os idosos. Não servem, não produzem,
é uma classe passiva e ao descartarem-se os idosos,
descarta-se o futuro de um povo”.
Papa Francisco (2014)
“Os efeitos sobre o sistema de
ensino, a produtividade e a
inovação, e a alteração dos
perfis de consumo, de
investimento e de poupança
não têm sido foco de tanta
atenção”
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