A necessidade de financiamento da economia portuguesa reduziu-se no quarto trimestre de 2022, passando de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no 3º trimestre de 2022 para 0,6% do PIB (em 2021, a economia tinha registado uma capacidade de financiamento de 0,9% do PIB). O Rendimento Nacional Bruto (RNB) e o Rendimento Disponível Bruto (RDB) aumentaram, respetivamente, 2,6% e 2,7% relativamente ao trimestre anterior (11,0% e 10,4%, pela mesma ordem, relativamente a 2021). A redução do saldo externo da economia em 2022 refletiu principalmente a redução da capacidade de financiamento das Famílias, que passou de 3,4% do PIB em 2021 para 0,5% em 2022.
O RDB das Famílias aumentou 3,3% face ao trimestre anterior e 7,8% relativamente a 2021. Para este resultado contribuíram essencialmente as remunerações, com um crescimento de 2,5% face ao trimestre anterior e de 9,6% em termos anuais. A taxa de poupança fixou-se em 6,1% (5,8% no trimestre anterior e 9,9% em 2021). Em termos reais, o RDB ajustado per capita das Famílias aumentou 0,6% e 1,1%, relativamente ao trimestre anterior e a 2021, respetivamente.
O saldo das Sociedades Não Financeiras fixou-se em -2,1% do PIB, menos 1,4 pontos percentuais (p.p.) que no trimestre anterior. Comparativamente com 2021, o saldo agravou-se ligeiramente (-1,8% do PIB), como resultado do aumento das remunerações e da formação bruta de capital (12,4% e 13,5%, respetivamente), que mais que compensaram o aumento de 15,3% do Valor Acrescentado Bruto (VAB). A capacidade de financiamento das Sociedades Financeiras diminuiu para 1,4% do PIB no 4º trimestre de 2022 (1,5% no trimestre anterior e 2,3% em 2021).
O saldo das Administrações Públicas (AP) diminuiu 1,4 p.p. no 4º trimestre de 2022, fixando-se em -0,4% do PIB (-2,9% em 2021). Considerando os valores trimestrais e não o ano acabado no trimestre, o saldo das AP no 4º trimestre de 2022 atingiu -5 671 milhões de euros, correspondendo a -9,1% do PIB, o que compara com -4,1% no período homólogo, refletindo o aumento significativo da despesa com prestações sociais (17,6%) e os subsídios pagos (88,6%).