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INEWS

n

º 34

dezembro

’ 2017

-11-

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FACTOS E NÚMEROS FALSOS,

APRESENTADOS E ACEITES COMO

VERDADES, ESTÃO A TORNAR-SE,

NESTA ERA DA COMUNICAÇÃO

DIGITAL DE MASSAS, UMA SÉRIA

AMEAÇA À LIBERDADE DOS

CIDADÃOS E AO EXERCÍCIO DAS

DEMOCRACIAS.

A independência dos produtores de estatísticas – perante

interferências externas,  políticas ou outras – e a qualidade da

produção estatística são princípios a assegurar. Porém, neste

momento, é fundamental conseguir, também, que os cidadãos

percebam em que dados devem ou não confiar, que confiem

nos dados que o merecem e que compreendam devidamente

as estatísticas. Um aviso que ficou, aliás, patente nos múltiplos

momentos da Conferência que se realizou, em Lisboa, no Dia

Europeu da Estatística.

No sentido de sensibilizar os cidadãos para o valor das

estatísticas – enquanto números que representam o retrato

mais fiel da sociedade – e de os capacitar para o seu devido

entendimento e análise crítica, há todo um longo caminho a

percorrer de promoção da literacia em estatísticas.

Trata-se de uma missão complexa que ultrapassa claramente

a resposta às necessidades do “utilizador” interessado ou

informado no uso de dados estatísticos. O “não utilizador” ou o

cidadão menos capaz de lidar com o universo das estatísticas

– qualquer que seja a idade ou fase da vida emque se encontra

– já não pode, hoje, ser descurado das preocupações dos

produtores de estatísticas, dos divulgadores de dados e dos

responsáveis políticos, não só pelos inúmeros riscos sociais

indesejáveis que tal indiferença comporta, mas sobretudo

pela defesa imprescindível de uma sociedade melhor

informada e, por isso, mais livre.

Maria João Valente Rosa

Maria João Valente Rosa

Membro do Conselho Executivo do Comité

Consultivo Europeu da Estatística, desde 2014.

Diretora da

Pordata

, base de dados

on-line

gratuita promovida pela Fundação Francisco

Manuel dos Santos, desde 2009.

Doutorada em Sociologia - Demografia pela

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da

Universidade Nova de Lisboa, em 1993.