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INEWS

n

º 34

dezembro

’ 2017

-10-

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EM ÉPOCA ALGUMA SE SENTIU

TANTO A NECESSIDADE DO

RECURSO A ESTATÍSTICAS E

À ESTATÍSTICA, COMO NESTE

INÍCIO DO SÉCULO XXI.

O desenvolvimento tecnológico recente originou uma miríade

de novas fontes de dados sobre a sociedade e o mundo, dando

até origem a novas áreas de estudo como o envelhecimento

e bem-estar, alterações climáticas ou a economia 4.0.

Paradoxalmente, esta é também a era da pós-verdade,

caracterizada por uma desconfiança crescente nos peritos

e nas estatísticas e por uma tendência para que a evidência

baseada em informação factual se torne menos relevante

na discussão pública. É de crer que este paradoxo advém

de práticas menos corretas no uso de evidência estatística,

nomeadamente no que respeita à apresentação, comunicação

e interpretação da informação. É preocupante que esta

desconfiança possa alastrar às estatísticas oficiais que

sendo produzidas de acordo com um código de conduta que

assegura a sua independência, fiabilidade e credibilidade são

instrumentos indispensáveis na governação e na democracia

participada. Estas preocupações ficaram bem patentes nas

diversas intervenções da Conferência que se realizou em

Lisboa no Dia Europeu da Estatística.

Maria Eduarda Silva

Presidente da

Sociedade Portuguesa de Estatística

, desde 2015.

Professora Associada na Faculdade de Economia

da Universidade do Porto.

Doutorada pela Universidade de Manchester,

em 1994.

Destas intervenções ficou também patente que é necessário

que todos nós, atores de alguma forma da estatística

porque cientistas, produtores e utilizadores, cooperemos

estreitamente para ultrapassar, com sucesso, os

desafios atuais. É necessário promover a investigação no

desenvolvimento de metodologias e algoritmos para integrar,

com qualidade, dados de diversas fontes, permitindo, assim,

a produção de estatísticas fiáveis; é necessário promover

a confiabilidade dos estudos estatísticos; é necessário

promover a numeracia e a literacia estatística, instrumentos

essenciais de cidadania no século XXI.

Maria Eduarda Silva