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INEWS

n

º 30

DEZEMBRO’ 2016

-17-

Esta realidade alerta para a pertinência/necessidade de uma

rigorosa observação estatística da variável naturalidade/país de

nascimento dos indivíduos a par da variável nacionalidade, não

só nos inquéritos do INE mas também nos atos administrativos

relevantes para o efeito.

De acordo com as nomenclaturas internacionais, nem todos os

imigrantes são estrangeiros e nem todos os estrangeiros são

imigrantes. A realidade é complexa e toma matizes diferenciados

de país para país. A solução ideal será a observação do que pode

designar-se por “origemmigratória” das populações em análise.

No entanto, e no que se refere às autoridades estatísticas,

observar com rigor a variável “origem migratória” tem custos

de operacionalização e representa uma carga adicional para

os migrantes, porque exige inquirir as suas características em

termos de nacionalidade — de origem e/ou adquirida — e do país

de nascimento, assim como dos seus ascendentes diretos (mãe

e pai).

Mas, porque importa uma aproximação mais ajustada à temática

dos migrantes e à sua integração nas sociedades recetoras não

é de agora, em 2008 e em 2014, no âmbito do Sistema Estatístico

Europeu, o Inquérito ao Emprego incluiu um módulo

ad-hoc

sobre a “Situação dos migrantes e dos seus descendentes

diretos no mercado de trabalho”.

Os resultados apurados mostram que, em 2008, cerca de 10%

das pessoas dos 15 aos 74 anos residentes em Portugal tinha

origem em movimentos migratórios e que, em 2014, esse peso

subira para 13%. E é elevada a probabilidade de continuar a

subir.

Esta evolução merece, certamente, uma análise aprofundada

por parte dos investigadores, para a qual o INE disponibilizará,

como é sua prática, as bases de dados relevantes de que dispõe,

naturalmente salvaguardando a confidencialidade estatística.

É neste quadro de insuficiência de estudos sobre os movimentos

migratórios em Portugal que se aplaude o lançamento do

Relatório Estatístico Anual de 2016

do Alto Comissariado

para as Migrações.

Para além da pertinência e importância do seu conteúdo, o

Relatório representa a boa e louvável prática de cooperação

entre as entidades produtoras de estatísticas oficiais e as

entidades detentoras de informação administrativa no domínio

das migrações, passível de apropriação para fins estatísticos.

Alda de Caetano Carvalho

Presidente do INE