A economia portuguesa registou um agravamento da necessidade de financiamento no 2º trimestre de 2022, que passou de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no 1º trimestre de 2022 para 0,8%. O Rendimento Nacional Bruto (RNB) e o Rendimento Disponível Bruto (RDB) aumentaram, respetivamente, 2,7% e 2,3% (crescimentos em cadeia de 2,9% e 2,8% no trimestre anterior). A redução do saldo externo da economia reflete a diminuição dos saldos de todos os setores internos, com exceção das Administrações Públicas (AP).
O Rendimento Disponível Bruto (RDB) das Famílias aumentou 1,2% face ao trimestre anterior, verificando-se crescimentos de 1,9% e 1,4% das remunerações e do Valor Acrescentado Bruto (VAB), respetivamente. A despesa de consumo final aumentou 2,7% (4,0% no trimestre anterior), determinando a redução da taxa de poupança para 5,9% (7,3% no trimestre anterior) o que, em conjunto com o aumento do investimento, conduziu à redução da capacidade de financiamento em 1,0 pontos percentuais (p.p.), para 0,4% do PIB.
O saldo das Sociedades Não Financeiras (SNF) fixou-se em -2,7% do PIB, menos 0,7 p.p. que no trimestre anterior. O VAB deste setor registou um aumento de 3,8%, superior ao crescimento das remunerações pagas (taxa de variação de 2,4%), enquanto a FBCF cresceu 2,1%.
O saldo das Sociedades Financeiras diminuiu 0,3 p.p. para 1,4% do PIB no 2º trimestre de 2022.
O saldo do setor das AP aumentou 1,8 p.p. no ano terminado no 2º trimestre de 2022, passando de uma necessidade de financiamento de 1,6% do PIB no 1º trimestre para uma capacidade de financiamento de 0,2% do PIB. Tomando como referência os valores trimestrais e não o ano acabado no trimestre, o saldo das AP no 2º trimestre de 2022 atingiu 1 104,6 milhões de euros, correspondendo a 1,9% do PIB, o que compara com 5,6% no período homólogo. Considerando valores para o conjunto do 1º semestre de 2022, o saldo das AP foi também positivo (0,8% do PIB), registando-se uma melhoria expressiva deste indicador face não só aos semestres homólogos de 2020 e 2021, marcados pela pandemia COVID-19, mas igualmente face a 2019.