Em 2019, 42,2% das mulheres dos 18 aos 49 anos e 53,9% dos homens dos 18 aos 54 anos não tinham filhos. Em 2013 aquelas percentagens eram bastante menores: 35,3% e 41,5%, respetivamente. O número médio de filhos, de mulheres e homens, passou de 1,03 em 2013 para 0,86 em 2019.
Em 2019, 93,4% das mulheres e 97,6% dos homens do escalão etário mais jovem (dos 18 aos 29 anos) não tinham filhos e mais de metade (54,6%) dos homens dos 30 aos 39 anos encontravam-se na mesma situação.
O número médio de filhos que as pessoas já tinham era crescente com a idade e com o número de irmãos e maior para as mulheres, para os que possuíam um nível de escolaridade completo correspondente, no máximo, ao 3º ciclo do ensino básico, para as pessoas com cônjuge ou companheira/o e para os homens empregados.
Questionados sobre a intenção de ter filhos, 55,1% das mulheres e 47,3% dos homens indicaram não tencionar ter ou ter mais filhos. Perto de 10% das pessoas, (8,4% das mulheres e 11,0% dos homens, 9,7% no total) não tinham nem tencionavam ter filhos. Para estas pessoas, os principais motivos assinalados foram a vontade própria e o facto de a maternidade ou paternidade não fazerem parte do seu projeto de vida.
Considerando os filhos que as pessoas já tiveram e aqueles que ainda tencionavam vir a ter, espera-se que, em média, tenham 1,69 filhos (1,78 em 2013).
O número médio de filhos desejados foi estimado em 2,15 (2,31 em 2013), não havendo evidência de diferenças significativas entre homens e mulheres em 2013 e em 2019. Uma parte expressiva das mulheres e dos homens com filhos (45,1% e 58,5%, respetivamente) tiveram o 1º filho mais tarde do que desejavam. O adiamento foi de pelo menos 5 anos para uma parcela considerável de mulheres e de homens (36,0% e 47,7%). As mulheres que tiveram o 1º filho mais tarde do que desejavam foram as que mais apontaram como muito importantes para o adiamento os motivos relacionados com a estabilidade financeira e no emprego e as condições da habitação.
Para as mulheres, independentemente da altura em que decidiram ter o 1º filho – mais cedo, mais tarde, ou na idade em que desejavam –, a vontade de ser mãe foi o motivo mais apontado para essa decisão.
Foram maioritariamente as mulheres que indicaram ser habitualmente responsáveis pelas tarefas domésticas, como lavar e cuidar da roupa (77,8%), limpeza da casa (59,3%) e preparar as refeições (65,0%). Os homens referiram mais frequentemente fazer habitualmente os pequenos arranjos e restauros da casa (78,3%).
Para as pessoas com filhos pequenos, também foram mais as mulheres a indicar ter a seu cargo as tarefas relacionadas com o seu cuidado e acompanhamento, designadamente vestir os filhos (64,7%), ficar em casa quando estão doentes (63,7%), levar ao médico (55,6%), ajudar com os trabalhos escolares (46,5%), deitar os filhos (45,3%) e levar e buscar à creche ou à escola (36,2%). Os homens não se destacam, relativamente às mulheres, em qualquer das tarefas inquiridas. Ainda assim, o grau de satisfação com a divisão das tarefas domésticas e com o cuidado das crianças era elevado para ambos os sexos, sendo apenas um pouco mais baixo entre as mulheres.
Cerca de 9 em cada 10 (89,8%) mulheres e 85,9% dos homens consideraram dever existir incentivos à natalidade. No domínio das condições de trabalho, a medida mais frequentemente referida como a mais importante por mulheres e homens foi “flexibilizar os horários de trabalho para mães e pais com filhos pequenos”. No contexto do acesso a serviços para ocupação dos filhos, “alargar a rede e o acesso a creches, jardim-de-infância e Atividades de Tempos Livres (ATL)” foi a medida mais referida como a mais importante. Quanto às medidas no âmbito dos rendimentos das famílias, mulheres e homens apresentaram uma distribuição distinta: para as mulheres a medida considerada como a mais importante foi “aumentar os subsídios relacionados com educação, saúde, transporte, habitação e alimentação dos agregados com filhos”, para os homens foi “reduzir os impostos para as famílias com filhos, incluindo aumentar as deduções fiscais para quem tem filhos”. No que respeita a outras medidas que não integram os três domínios referidos, “atribuir incentivos fiscais às entidades empregadoras com práticas de gestão que apoiem trabalhadores com filhos” foi assinalada como a mais importante por quase metade das mulheres e mais de metade dos homens.