Na Área Euro (AE), o PIB em termos reais registou uma variação homóloga de -3,2% no 1º trimestre de 2020 (aumento de 1,0% no trimestre anterior), traduzindo a diminuição mais intensa verificada desde o 3º trimestre de 2009. Em Portugal, o PIB registou uma redução homóloga de 2,4% em volume no 1º trimestre, após o crescimento de 2,2% no trimestre anterior. O contributo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB foi negativo no 1º trimestre (-1,4 pontos percentuais), após ter sido positivo no trimestre anterior, em resultado da diminuição mais intensa das Exportações de Bens e Serviços que das Importações de Bens e Serviços. A procura interna registou um contributo negativo (-1,0 pontos percentuais), pela primeira vez desde o 3º trimestre de 2013, verificando-se uma diminuição do Consumo privado e do Investimento.
Não considerando médias móveis de três meses (ver secção seguinte), a informação já disponível revela uma forte contração da atividade económica em abril, agravando-se face ao observado em março. O indicador de confiança dos Consumidores atingiu o valor mínimo desde maio de 2013 e o indicador de clima económico apresentado a redução mais acentuada da série e atingindo o valor mínimo. Todos os indicadores de confiança setoriais diminuíram de forma abrupta face ao mês anterior, principalmente no caso dos Serviços, destacando-se as secções de “Atividades artísticas, de espetáculo, desportivas e recreativas” e de “Alojamento, restauração e similares”. A informação quantitativa já disponível para abril revela que o montante global de levantamentos nacionais, de pagamentos de serviços e de compras em terminais de pagamento automático na rede multibanco apresentou a diminuição mais intensa da série em abril (-38,6%), após ter caído 17,0% no mês anterior. As vendas de veículos automóveis diminuíram fortemente em abril, observando-se taxas de -87,0% nos automóveis ligeiros de passageiros, -69,9% nos comerciais ligeiros e -72,7% nos veículos pesados.
De acordo com o Inquérito Rápido e Excecional às Empresas (COVID-IREE), promovido pelo INE e Banco de Portugal, os resultados apurados partir das respostas válidas obtidas até ao final do dia 15 de maio indicaram que a proporção de empresas em funcionamento na primeira quinzena de maio aumentou para 90%, face a 84% na quinzena anterior, salientando-se o setor do Comércio, onde a percentagem aumentou de 84% para 92%. Face à situação que seria expectável sem pandemia, 77% das empresas continuaram a reportar um impacto negativo no volume de negócios.
No 1º trimestre de 2020, a taxa de desemprego fixou-se em 6,7%, valor idêntico ao do trimestre anterior e 0,1 pontos percentuais abaixo da verificada no período homólogo de 2019. A taxa de subutilização do trabalho situou-se em 12,9%, mais 0,4 p.p. que no trimestre precedente e menos 0,7 p.p. que no trimestre anterior. O emprego total apresentou uma diminuição homóloga de 0,3% (variação de 0,5% no 4º trimestre) e uma diminuição de 0,9% relativamente ao trimestre anterior. O número de horas efetivamente trabalhadas no 1º trimestre de 2020 diminuiu 5,2% face ao trimestre anterior e 5,3% em termos homólogos.
A variação homóloga mensal do Índice de Preços no Consumidor (IPC) fixou-se em -0,2% em abril (variação nula em março), observando-se uma taxa de variação de -1,2% na componente de bens (-0,5% no mês anterior) e de 1,2% na de serviços (0,9% no mês precedente).
Apesar das circunstâncias determinadas pela pandemia COVID-19, o INE irá procurar manter o calendário de produção e divulgação, embora seja natural alguma perturbação associada ao impacto da pandemia na obtenção de informação primária. Por esse motivo apelamos à melhor colaboração das empresas, das famílias e das entidades públicas na resposta às solicitações do INE, utilizando a Internet e o telefone como canais alternativos aos contatos presenciais. Na verdade a qualidade das estatísticas oficiais, particularmente a sua capacidade para identificar os impactos da pandemia Covid19, depende crucialmente dessa colaboração que o INE antecipadamente agradece.