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Consultora científica do ALEA, Professora Associada na Faculdade de Ciências de Lisboa

grande entrevista

Contra a iliteracia estatística

Alea jacta est!

Maria Eugénia da Graça Martins

FI: Apesar de o ALEA se destinar especialmente aos ensinos básico e secundário, existem nele benefícios ou mais-valias para o ensino superior?

"Eu diria que sim…com uma grande convicção"

Maria Eugénia Martins (MEM) : Eu diria que o ALEA, quando foi criado, se destinava essencialmente ao ensino secundário. Esta opção foi natural, pois, quando o projecto nasceu, os conteúdos de Probabilidade e Estatística eram muito incipientes no ensino básico. No entanto, em 28 de Dezembro de 2007, foi homologado o Novo Programa de Matemática para o Ensino Básico, que resultou de um ajustamento do programa anterior, a cargo de uma equipa de especialistas (onde eu me incluía para a área da Estatística) mandatados pelo Ministério da Educação. Este novo programa inclui o tema "Organização e tratamento de dados" nos três ciclos, numa perspectiva de valorização da literacia estatística. Esta perspectiva enquadra-se perfeitamente na filosofia subjacente ao projecto ALEA, pelo que um dos projectos da equipa ALEA é investir em conteúdos direccionados para o ensino básico.

Depois deste intróito, voltemos à questão que me foi colocada: será que existem também benefícios ou mais-valias para o ensino superior? Eu entendo que sim, e digo isto com uma grande convicção. O ensino superior é muito vasto, existem muitos cursos, tanto no universitário como no politécnico, e nem todos conseguem dar aos seus formandos uma formação adequada para exercerem uma cidadania conveniente no mundo em que estão inseridos. Se até há poucos anos se falava em literacia e numeracia, hoje em dia é consensual que não é suficiente uma pessoa saber ler, escrever e contar: é necessário que saiba ler os dados, e os dados são mais do que números: são números com um contexto; é necessário que saiba interpretar um gráfico; é necessário que saiba distinguir, de entre a informação que lhe é transmitida, a que é correcta ou incorrecta. Em

suma, é necessário que a pessoa esteja apta a interagir com o mundo não determinista que a rodeia, isto é, que seja "estatisticamente literada" . Ora, se é fundamental que esta formação se inicie no básico e no secundário, ela deveria ser continuada e aprofundada no superior, o que nem sempre acontece. Mesmo quando existe alguma disciplina de Estatística no ensino superior, na maior parte dos casos ela é dada de um modo tão formal que se cria um hiato com o que é dado no secundário... O ALEA aqui pode dar uma ajuda...

"… é necessário que a pessoa esteja apta para interagir com o mundo não determinista que a rodeia, isto é, que seja

estatisticamente literada

Exemplifiquemos: eu penso que é fundamental que, quando se sai da escola, se saiba utilizar o Excel para fazer alguma estatística descritiva elementar (nem que seja para fazer a gestão das nossas despesas do dia a dia, hoje tão necessária...). No entanto, com grande frequência, o aluno entra no ensino superior sem saber trabalhar com aquela folha de cálculo e também

pág. 05 RIIBES / Folha Informativa n.º 33 – Maio 2011

a)

a) ...In its simplest terms, statistical literacy can be interpreted as meaning an ability to interact effectively in an uncertain (non-deterministic) environment - Anne Hawkins, citada por Moore em New Pedagogy and New Content: The Case of Statistics. International Statistics Review, 65, 2, 123-165

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