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INE
WS
Nº18
dezembro’ 2013
©
INE, Lisboa Portugal, 2013
Como principais linhas de transformação é possível identificar:
Um padrão de vida doméstica assente, generalizadamente, em
famílias de menor dimensão, devido ao menor número de filhos, que
raramente ultrapassa os dois, ao decréscimo das famílias alargadas e
ao aumento das famílias unipessoais.
Alguma variabilidade, do ponto de vista dos contextos regionais
e sociais, identificando-se perfis regionais de mudança e o
impacto de variáveis sociodemográficas como o género, a
escolaridade e a condição perante a atividade económica.
O reforço da privacidade da vida conjugal, vivendo
os casais (com ou sem filhos) cada vez menos em
co-residência com outros familiares.
Um crescimento da autonomia residencial dos indivíduos, com
mais pessoas vivendo sós, em todas as idades e em diferentes
fases da vida (solteiros, separados e divorciados, viúvos).
Uma diversidade mais acentuada das formas de viver
em família, quer em relação à conjugalidade (casamento
"de direito" e "de facto", casamento religioso ou civil),
quer em relação à parentalidade (aumento das famílias
monoparentais e recompostas).
Como evoluíram as famílias em Portugal?
A dimensão média das famílias reduziu-se significativamente em
50 anos, passando de 3,8 pessoas por família, em 1960, para 2,6
pessoas, em 2011.
A percentagem de famílias com mais de cinco pessoas diminui
expressivamente, representando, em 2011, somente 2% das
famílias clássicas, por comparação com 17,1% em 1960.
O casal (com e sem filhos) continua a ser a forma predominante
de organização da vida familiar (62% das famílias em 1960 e
59% em 2011), sendo o "casal com filhos" a estrutura
predominante (35,2%).
Nos últimos 50 anos assistiu-se ao aumento do peso relativo dos
casais sem filhos (de 15% em 1960, para 24% em 2011), em
resultado do adiamento da parentalidade e do envelhecimento
populacional.
As famílias complexas, em que a uma família simples (de casal
com ou sem filhos ou pai/mãe com filhos) se juntam outras
pessoas aparentadas dentro do mesmo lar, têm decaído
significativamente, sobretudo ao longo das duas últimas
décadas (de 15% em 1960, para 9% em 2011), refletindo uma
maior autonomia dos casais e dos indivíduos, que têm vindo a
dispor de acrescidas condições de independência, não só
económica mas também residencial.
As famílias monoparentais (pai ou mãe só a viver com filhos de
todas as idades) têm vindo a aumentar (de 6% em 1960, para
9% em 2011) e o seu peso no total de famílias ultrapassou, em
2011, o das famílias complexas, em resultado sobretudo do
aumento das ruturas conjugais (divórcios e separações).
Ao longo das duas últimas décadas, o número de pessoas que
vivem sós tem vindo a aumentar (de 12% em 1960, para 20%
em 2011), mantendo-se, ainda assim, em níveis inferiores aos
registados em outros países europeus. Esta evolução pode
atribuir-se não só ao envelhecimento da população mas também
a mudanças na vida privada de indivíduos em idades mais
jovens, sobretudo solteiros e divorciados.