A segunda metade do século XX foi marcada por condições socioeconómicas que proporcionaram a melhoria da saúde e o aumento da vida das populações. Todavia, mesmo sob tão propícias condições, a distribuição da saúde entre indivíduos e grupos sociais manteve-se iníqua. O novo século surge marcado pela insegurança e vulnerabilidade associadas a uma crise decorrente de um processo de globalização, cujas consequências económicas e sociais se têm revelado dramáticas. Desemprego, pobreza, redução dos salários, precariedade
laboral, falência do estado social, entre outros problemas não menos graves, como a dinâmica populacional, trazem novos riscos sociais e em saúde. O ciclo de prosperidade socioeconómica que desembocou em melhoria dos indicadores de saúde terminou numa nova ordem que coloca às sociedades mais afetadas pela crise um horizonte incerto. Quais as consequências desta nova ordem económica e social na saúde? Será a degradação das condições de vida um fator determinante para a deterioração da saúde e agravamento das iniquidades em saúde?
palavras-chave: mortalidade prematura; privação socioeconómica, desigualdades em saúde, Área Metropolitana de Lisboa.