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Privação socioeconómica na Área Metropolitana de Lisboa : análise evolutiva da década 2001-2011
Helena Nogueira , A. Lourenço > Revista de Estudos Demográficos 2015, p. 31 - 40

Resumo

A associação entre pobreza, doença e morte é há muito reconhecida. O crescimento económico observado ao longo do século XX teve consequências muito positivas nas condições de vida da população, melhorando também a sua saúde. Todavia, mesmo sob as condições de progresso referidas, a estruturação social da saúde persistiu, traduzindo-se na manutenção e até agravamento das desigualdades sociais em saúde. A crise económica do novo século marca o fim de um ciclo de prosperidade, devendo questionar-se o impacte dos níveis crescentes de desemprego e pobreza, redução de salários e colapso nos apoios sociais, entre outros, na degradação das condições de vida e agravamento das iniquidades sociais (e em saúde).
Para além da pobreza, entendida sobretudo como um atributo individual, a privação socioeconómica, concetualizada como atributo contextual, tem sido exaustivamente associada à saúde. Áreas de privação socioeconómica podem definir-se como espaços de vida de populações empobrecidas. Mas são, mais do que isso, territórios onde escasseiam as oportunidades que permitem melhorar a qualidade de vida, criando e perpetuando iniquidades sociais (e em saúde). Têm, pois, um papel ativo na maximização dos riscos sociais e de saúde, pela amplificação da vulnerabilidade individual decorrente da pobreza.
Este trabalho procura identificar territórios de privação socioeconómica na Área Metropolitana de Lisboa (AML) e conhecer a evolução deste fenómeno entre 2001 e 2011, procedendo à elaboração e aplicação de um indicador compósito de privação múltipla (IPM) às freguesias da AML. Os resultados sublinham a variação dos níveis de
privação socioeconómica no território em estudo, que surge marcado por profundas assimetrias, tanto em 2001 como em 2011. Sublinham ainda a evolução nefasta ocorrida na primeira década deste século, caracterizada por aumento da privação socioeconómica a par da sua concentração espacial.
Esta evolução perniciosa, que faz aumentar as desigualdades sociais, lesa sobretudo determinados territórios, identificados neste trabalho. Expectavelmente, terá consequências na saúde das suas populações, consequências estas que serão estudadas num próximo trabalho.

Palavras-chavePrivação socioeconómica; áreas de privação; Área Metropolitana de Lisboa; Evolução 2001 – 2011.


Estudo
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