Em março, os indicadores de confiança dos consumidores e de sentimento económico diminuíram de forma expressiva na Área Euro (AE), refletindo a forte deterioração das expectativas provocada pelos efeitos da pandemia COVID-19. Os preços das matérias-primas e do petróleo apresentaram variações em cadeia de -2,0% e -23,8%, respetivamente (-3,5% e -10,9% em fevereiro), traduzindo os efeitos negativos da pandemia na economia global e das divergências entre os países produtores de petróleo.
Em Portugal, não considerando médias móveis de três meses (ver secção seguinte), a informação já disponível revela uma forte redução da atividade económica em março. O indicador de confiança dos Consumidores registou uma redução significativa face ao mês anterior, a maior desde setembro de 2012 e atingindo o valor mínimo desde fevereiro de 2016. Todos os indicadores de confiança das empresas diminuíram em março, assinalando-se em particular as fortes reduções no Comércio e nos Serviços.
O montante global de levantamentos nacionais, de pagamentos de serviços e de compras em terminais de pagamento automático na rede multibanco apresentou uma diminuição significativa em março (-17,0%), após ter aumentado 10,1% no mês anterior. As vendas de veículos automóveis diminuíram fortemente em março, observando-se taxas de -57,5% nos automóveis ligeiros de passageiros, -51,2% nos comerciais ligeiros e -46,9% nos veículos pesados.
Já em abril (semana de 6 a 10), o Inquérito Rápido e Excecional às Empresas, promovido conjuntamente pelo INE e Banco de Portugal, indicou nas empresas respondentes uma forte redução do volume de negócios e uma diminuição do pessoal ao serviço, nomeadamente através do recurso ao regime de layoff simplificado, salientando-se, entre as diversas atividades, o impacto negativo da crise pandémica no alojamento e restauração.
De acordo com as estimativas provisórias mensais do Inquérito ao Emprego, a taxa de desemprego (15 a 74 anos), ajustada de sazonalidade, fixou-se em 6,5% em fevereiro, 0,2 pontos percentuais inferior ao valor definitivo registado nos três meses anteriores (valor idêntico no mesmo período do ano anterior). Em fevereiro, a estimativa para a população empregada (15 a 74 anos), também ajustada de sazonalidade, registou uma variação homóloga nula (variação homóloga de 0,2% em janeiro). A informação sobre o desemprego registado pelo IEFP, entretanto divulgada para março e para a primeira quinzena de abril, aponta no entanto para um crescimento expressivo do desemprego.
O Índice de Preços no Consumidor (IPC) apresentou uma taxa de variação homóloga nula em março (0,4% no mês anterior), tendo esta evolução resultado sobretudo da redução do índice dos produtos energéticos.
Embora a informação deste destaque traduza em certa medida o impacto da pandemia COVID-19, é de esperar que as tendências aqui analisadas se alterem substancialmente nas próximas divulgações. De qualquer modo, a informação hoje disponibilizada é útil para estabelecer uma referência para avaliar desenvolvimentos futuros. Apesar das circunstâncias, tentaremos manter o calendário de produção e divulgação, embora seja natural alguma perturbação associada ao impacto da pandemia na obtenção de informação primária. Por esse motivo apelamos à melhor colaboração das empresas, das famílias e das entidades públicas na resposta às solicitações do INE, utilizando a Internet e o telefone como canais alternativos aos contatos presenciais. A qualidade das estatísticas oficiais, particularmente a sua capacidade para traduzir os impactos da pandemia COVID-19, depende crucialmente dessa colaboração que o INE antecipadamente agradece.